"DORMI NO HOSPITAL POR 05 ANOS PELA MINHA AMADA!" - A HISTÓRIA DE UM AMOR VERDADEIRO.

A esposa de Adílio Bezerra sofreu um AVC e quase morreu em 2007. Por isso, ele passou a dormir no sofá do quarto do hospital para estar sempre ao lado dela, a única mulher de sua vida.

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Ela acordou no meio da noite e me pediu para acender a luz, como sempre fazia quando ficava com vontade de ir ao banheiro de madrugada. Mas, de repente, escutei meu amor gritar meu nome em desespero. Corri até ela, que estava pálida e com falta de ar. Levei-a ao quarto orando e ela desmaiou assim que chegou à cama. Fiz a Gláucia, minha esposa, acordar com um pouco de água e ela pareceu melhor. Não preguei o olho o resto da noite e fomos para o hospital logo pela manhã. Quando chegamos à recepção, ela começou a ter convulsões e paradas respiratórias. Minha amada estava morrendo.

A Gláucia teve um AVC e Deus quase a levou... 

Só fui entender o que estava acontecendo depois de algumas horas, que mais pareceram uma eternidade, quando o médico me chamou. “Senhor, fiz o que pude, mas não teve jeito”, disse ele com uma voz séria. Deus do céu! Era o fim. Perdi o chão e achei que ela estava morta, mas ele completou dizendo que a Gláucia não tinha morrido ainda. Ela havia sofrido um acidente vascular cerebral

(AVC) isquêmico, quando uma artéria do cérebro entope, as células param de receber oxigênio e morrem. Seu quadro era tão instável que ela poderia falecer a qualquer momento. Por isso, meu amor precisou ficar internada na UTI por 42 dias em coma induzido. Estava desolado, mas me agarrei à pequena chance que ela tinha de viver e orei muito.

Deus atendeu minhas orações, porque a Gláucia reagiu às medicações e continuou viva. No tempo de UTI, só podia vê-la durante 15 minutos de manhã e 30 à tarde. Toda noite, antes de dormir, eu telefonava para o hospital e pedia a quem me atendesse para fazer o favor de ir até a porta da UTI e dizer à Gláucia que eu a amava. Não importava que ela não pudesse ouvir. Os funcionários ficavam 

tão emocionados que muitos choravam do outro lado da linha e nem tentavam disfarçar. 

Só sei que ela está ali porque pisca pra mim

Minha amada saiu da UTI, mas nem por isso as coisas ficaram mais fáceis. O AVC deixou a Gláucia com muitas sequelas graves. Ela não falava, não andava, só respirava com a ajuda de um aparelho e só se alimentava através de um tubo ligado diretamente ao seu estômago. A verdade é que minha mulher não conseguia nem se mexer. Eu só sabia que ela ainda continuava lá porque me seguia com os olhos quando eu falava e piscava pra mim. Isso tudo aconteceu em 2007. Eu ainda não sabia, mas passaria os próximos 5 anos, 3 meses e 3 dias dormindo no sofá desconfortável do quarto de hospital para ficar ao lado da minha esposa. Não queria deixá-la de jeito nenhum. 

A situação da Gláucia era difícil demais. Quando a conheci, nos anos 80, era um mulherão, tão linda que até intimidava. Me apaixonei à primeira vista e, mesmo ela sendo mãe solteira – uma coisa grave na época –, insisti para que me aceitasse. Mas, depois de 5 anos sem sair daquele leito, a Gláucia não tem a mesma exuberância e não está no auge da forma física. Meu amor por ela não mudou nada. Quando a olho, vejo a mesma mulher por quem caí de amores. 

Encho-a de beijos e meu amor continua inabalável 

Durante 1 ano e meio, dormi ao lado dela toda noite. Cheguei a me perguntar, nessa época, como não percebi nenhum sinal de que ela não ia bem de saúde. Mas ela nunca me contava esse tipo de coisa para não me preocupar. Só descobri pela vizinha depois que ela já andava sentindo fortes dores de cabeça. Nos outros 3 anos e meio, criei um esquema de revezamento com nossos filhos, mas não deixava a Gláucia ficar com saudades e os meninos assumiram muitas responsabilidades da casa. Com o tempo, eu e meu amor conseguimos até conversar. Faço perguntas e ela pisca uma vez para dizer “sim” e duas para dizer “não”. Vejo nos olhos dela que minha presença é desejada e isso me enche de esperança e conforto.

Meu amor voltou para casa em dezembro de 2012 e fui muito bem orientado pelos enfermeiros para cuidar dela. Colocamos o leito no nosso quarto, no lugar da cama, e desde então eu e o Daniel, nosso filho mais novo, dormimos num colchão no chão ao lado da Gláucia. Todos os dias eu acordo, dou bom dia para minha amada, digo a data e o horário e a convido para orar. 

Faço questão de conversar e brincar com ela sempre, para deixá-la no melhor humor possível. Sei que ela não pode me responder, mas me escuta e entende perfeitamente. Também a encho de beijos para que saiba o quanto a amo. Como minha esposa é coisa mais preciosa do mundo para mim, faço tudo por ela. Aprendi a dar banho nela, escovo seus dentes, penteio seus cabelos e até a depilação íntima 

eu faço. Ela sempre se cuidou e sei o quanto isso tudo é importante. Não é só porque a Gláucia não pode falar que abandonou a vaidade. Muita gente se espanta e pergunta como eu aguento fazer tudo isso. Agora já são 7 anos, 6 meses e 22 dias desde que o AVC deixou minha esposa acamada. “Você nunca pensou em ter outra mulher?”, me questionaram certa vez. A resposta é e sempre será não. A Gláucia é meu amor e minha vida. Agradeço por ela ter sobrevivido todos os dias e oro para que ela melhore. Dizem que o amor faz milagres. Por que eu deveria acreditar no contrário? - 

ADÍLIO BEZERRA FILHO, 50 anos, radialista, Boa Vista, RR 

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(Dedico essa matéria especialmente ao amigo VAN, da Dupla Van e André. Pela luta constante com o amor de sua vida. T. Bottino)